EXEGESE E TEOLOGIA:
A MEDIAÇÃO DA TEOLOGIA BÍBLICA

Leonardo Pessoa da Silva Pinto

Pontificio Istituto Biblico (Roma)

leoteopessoa@yahoo.com.br

https://orcid.org/0000-0001-5828-5430

Resumo: O presente artigo discute a relação e a distância entre Exegese e Teologia, sobretudo a Dogmática, e o papel da Teologia Bíblica como possível mediadora entre as duas disciplinas. São tratadas as diversas configurações da Teologia Bíblica, bem como as consequências dessas distintas formulações da disciplina para a sua relação com a Exegese de um lado, e a Teologia Dogmática de outro. Os riscos e possibilidades na relação entre Exegese e Teologia, tendo como intermediação a Teologia Bíblica, são apresentados e discutidos a partir do ponto de vista de um exegeta.

Palavras-chave: Exegese. Teologia bíblica. Teologia dogmática. Antigo Testamento. Método.

Exegesis and Theology:
The Mediation of Biblical Theology

Abstract: This article discusses the relationship and the distance between Exegesis and Theology, especially Dogmatics, and the role of mediation played by Biblical Theology. The various configurations of the discipline of Biblical Theology are treated herein, just as the consequences of these distinct views on this field for its relationship with Exegesis on the one hand, and with Dogmatics on the other hand. The risks and possibilities in the relationship between Exegesis and Theology with the mediation of Biblical Theology are presented and debated from the point of view of an exegete.

Keywords: Exegesis. Biblical Theology. Dogmatics. Old Testament. Method.

Introdução

O presente artigo constitui uma reflexão pessoal sobre as modalidades de diálogo entre Exegese e Teologia nas quais ambos os campos são respeitados nas suas especificidades. Algumas dificuldades e riscos para o diálogo são aqui debatidas. Como o meu ponto de vista é o do exegeta, a categoria mais frequentemente acusada de não contribuir para o diálogo, o artigo começou a ser preparado como uma apologia, uma defesa dos biblistas, com a intenção de mostrar como certas acusações feitas aos exegetas soam injustas aos ouvidos de quem trabalha com a Bíblia. Mudei a abordagem com o tempo, agora menos apologética, mas inegavelmente esse elemento ainda estará presente na discussão abaixo, como também será evidente o tom pessoal da reflexão. Por outro lado, apenas alguns aspectos do problema são debatidos aqui e o presente artigo deve ser visto apenas como uma pequena contribuição de um exegeta para uma reflexão que julga perenemente relevante na vida da Igreja.

Na discussão que se segue, além de Exegese e Teologia (entenda-se aqui os vários campos da Teologia como a Moral, mas, sobretudo, a Dogmática) se insere um outro interlocutor, a Teologia Bíblica, uma disciplina com pretensões de ser diversa das outras duas. Mais nova do que ambas, se definiu muitas vezes em contraste com aquelas. Às vezes, na formulação de alguns autores, se exagerou as diferenças entre Teologia Bíblica e Exegese ou Dogmática com uma atitude até mesmo de polêmica contra estes outros campos. A nosso ver, a reflexão sobre a Teologia Bíblica é importante porque esse campo tem o potencial de ser o elo mais forte entre a Exegese propriamente dita, especialmente a exegese de textos individuais, e outros campos teológicos como a Teologia Dogmática e a Moral. A necessidade de um elo ou ponte existe porque dificilmente o teólogo moralista ou dogmático poderá compreender a maior parte dos trabalhos exegéticos.

A reflexão aqui proposta se desenvolve todo o tempo em diálogo com a obra di J. Barr, The Concept of Biblical Theology: an Old Testament Perspective, mesmo quando não citada explicitamente.

Os pioneiros da Teologia Bíblica, em muitos casos, quiseram marcar fortemente as diferenças desta disciplina para com a Exegese, às vezes, ao contrário, enfatizaram a distinção para com a Dogmática. Porque os contrastes que definiram os inícios da Teologia Bíblica são diversos, ou seja, porque estão em relação a disciplinas diversas, historicamente a Teologia Bíblica ganhou contornos muito variáveis, até contraditórios, segundo cada autor1. Teologia Bíblica significa coisas muito diferentes de acordo com cada autor. Em todo caso, as tentativas de se resolver a distância entre Teologia e Exegese devem levar em conta a Teologia Bíblica, os conteúdos produzidos por esta disciplina e sua história. Ela será a protagonista da nossa reflexão devido à nossa convicção de que pode ser a mediadora no diálogo entre Exegese e Teologia. Outras oposições marcaram a história desta disciplina e seus conteúdos, como aquelas entre Teologia Bíblica e História das Religiões ou Teologia Bíblica e Teologia Natural (filosófica). A nossa atenção, contudo, se concentrará na Teologia Bíblica, em particular aquela do Antigo Testamento, e sua relação, de um lado, com a Exegese, do outro com a Teologia Dogmática.

1. A relação entre Teologia Bíblica e Exegese

J. Barr explica que, no nascimento e nos primeiros desenvolvimentos da Teologia Bíblica, procurou-se diferenciá-la claramente da Exegese até então praticada como um novo campo2. Esta postura traz consigo um conjunto de riscos e possibilidades.

1.1. Teologia Bíblica e Exegese histórico-crítica

Frequentemente, as teologias bíblicas foram escritas com o propósito de afastar-se da Exegese, esta última entendida como estudo não-teológico da Bíblia e entendida sobretudo como estudo histórico-crítico. A disciplina da Teologia Bíblica nasce, em parte, como reação ao caráter não-teológico da Exegese anterior. Essa espécie de ranço contra a Exegese se perpetuou no tempo e pode ser percebida até mesmo em algumas versões mais recentes de Teologia Bíblica.

Um dos problemas apontados por Barr nessa ideia é que o esforço realizado no século XIX e início do século XX da crítica das fontes foi seguramente um esforço de matiz literário e histórico, mas foi também teológico ou religioso3. As diferenças de sensibilidade teológica entre os textos sempre foi um dos elementos para distinguir as várias fontes do texto bíblico. Por exemplo, as distinções entre javista e sacerdotal da hipótese documentária clássica do Pentateuco se fundavam também sobre as distintas sensibilidades teológicas presentes nos textos atribuídos a uma ou outra fonte. A afirmação de que os métodos histórico-críticos são a-teológicos ou anti-teológicos é infundada.

Um dos problemas gerados pela crítica das fontes para quem é mais interessado na teologia de um livro bíblico ou de todo o AT, porém, é que ao se falar de fontes diversas, a teologia do AT não pode mais ser tão unitária quanto se pensava. O mesmo acontece com os outros métodos chamados histórico-críticos. Isso não significa, porém, que esses métodos sejam a-teológicos.

Nos tempos de mestrando, lembro-me de ter mencionado a um colega que se especializava em Teologia um trabalho que eu havia escrito sobre uma passagem do Evangelho de Lucas. Meu colega pediu-me para ler o trabalho e, depois da leitura, me disse que o texto o tinha agradado muito. Perguntou-me que tipo de abordagem ou método era aquele que tinha aplicado e do qual ele tinha gostado, e então expliquei-lhe que se tratava de crítica redacional, um dos métodos chamados histórico-críticos. Ele então olhou-me confuso, como se não fosse possível que de algo tão criticado por sua natureza pouco teológica eu pudesse ter chegado às intuições teológicas e à sensibilidade literária do evangelista. O problema é que meu colega, como muitos teólogos e até mesmo biblistas, receberam uma visão estereotipada e preconceituosa de métodos que, em realidade, não conhecem. Existe uma tendência mais ou menos difusa de se criticar estes métodos sem conhecimento do que são realmente. Às vezes, acontece mesmo entre biblistas imprecisões no modo de representá-los e uma certa inconsciência metodológica.

Seja como for, a disciplina da Teologia Bíblica se desenvolveu em muitos autores em contraste com um modo de estudar a Bíblia que não lhes parecia ser teológico o suficiente. Entretanto, é bom lembrar que nem todo autor de Teologia Bíblica teve uma atitude de rejeição para com os métodos histórico-críticos, muitos integravam bem estas contribuições em seus trabalhos e algumas das melhores obras de Teologia Bíblica foram escritas por autores que praticavam estes métodos4, como G. von Rad.

Outra consideração importante é que hoje temos uma plêiade de métodos e abordagens em Exegese. Logo, é muito mais claro nos tempos atuais que fazer Exegese não é sinônimo de trabalhar com método histórico-crítico. A Exegese sofreu há décadas uma guinada em direção à chamada sincronia, enquanto métodos chamados diacrônicos, como os histórico-críticos, embora ainda relevantes, não são mais praticados pela totalidade, nem sequer pela maioria, dos biblistas. A ênfase atual em sincronia não resolveu, contudo, a questão do contato e da relação entre Exegese e Teologia. Os métodos ditos sincrônicos, como, por exemplo, a análise narrativa ou a análise retórica, não são necessariamente mais teológicos em contraposição aos chamados diacrônicos e percebe-se que, frequentemente, as considerações estéticas e literárias que aportam não são exatamente teológicas. Muito embora isso tenha dado ocasião a críticas a tais abordagens, diria em defesa das mesmas, as quais considero legítimas e frutuosas, que elas não têm que fazer pura e perfeita teologia o tempo todo.

1.2. Teologia Bíblica e os elementos seculares da Exegese

Importante na visão de Barr, com a qual concordamos, é que o que está na base de todo e qualquer método exegético não é o aspecto histórico-crítico, mas a questão linguística, e essa implica entrar de cheio no domínio do secular. A gramática de uma língua, sua sintaxe e semântica, segue regras próprias, que não dependem de considerações teológicas. A Exegese, nos seus procedimentos, deve lidar com elementos seculares de vários tipos, dentre os quais a língua é provavelmente o mais fundamental.

Assim, por causa dos elementos “seculares”, como a geografia, a língua, a história etc. a Exegese não será nunca puramente teológica, porque se debruça sobre uma série de dados não-teológicos. Todavia, a Exegese é também teológica no sentido de que a teologia do texto faz parte do conjunto dos dados considerados. Além disso, os aspectos não-teológicos não são apenas instrumentos para se chegar ao teológico5. Eles são parte do significado do texto e, portanto, portam em si os elementos teológicos quando presentes. Deve-se dar um valor positivo à presença desses dados, eles não são apenas matéria-prima para “o que realmente interessa” no texto.

De fato, a primeira preocupação do exegeta não é propriamente perseguir o sentido teológico do texto. A primeira preocupação é, simplesmente, perseguir o sentido do texto. Se este comporta uma dimensão teológica, essa será explicitada. Assim, se por um lado há uma confusão com relação aos métodos exegéticos, como discutido acima, há também confusão em relação àquilo que é o trabalho ou a meta perseguida pelo exegeta. Boa parte daquilo que o exegeta faz não é teológico per se. Não é, não pode, nem deve ser.

A Exegese começa com, e é essencialmente ligada a, questões da linguagem. A Teologia, muitas vezes, está aí mesmo. Por exemplo, em um artigo sobre o Shemá, Pinto apresenta a discussão de vários autores sobre a sintaxe e a lexicologia hebraica na formulação do Shemá em Dt 6,46. A questão teológica discutida no referido artigo é se a fórmula do Shemá constitui uma declaração monoteísta na sua acepção original. A questão é, em parte, esclarecida no estudo linguístico mesmo, é ali que a teologia do texto vem à tona. Assim, chega-se a uma questão teológica bastante relevante e abrangente como o monoteísmo através da discussão de frases nominais e adjetivos numerais, os quais, por si mesmos, não parecem ser tópicos de teologia.

A teologia do texto virá à tona, mas não sem se respeitar os passos necessários para a discussão exegética. A pressa em se produzir Teologia a partir dos textos bíblicos implica frequentemente erros de metodologia exegética, se salta etapas metodológicas essenciais, com resultados que são claramente falsos ou pelo menos duvidosos.

Mais um exemplo de uma conversa pessoal. Um colega que estudava Teologia me perguntou o que significava o termo Paráclito. Se me lembro bem, ele preparava uma meditação para um grupo ou trabalho pastoral. Quando comecei a explicar, dividi ou quebrei a palavra nas suas componentes e falei da etimologia, mas antes que pudesse continuar com o sentido do termo propriamente dito fui interrompido. Para o meu colega, a etimologia bastou para que tirasse uma reflexão mais espiritual. O problema é que, em lexicografia, a etimologia é um elemento pouco confiável como índice do significado atual de um termo, é quase uma nota erudita sobre uma palavra, não dá necessariamente o significado básico do termo nem seus usos em um determinado estado da língua. Isso não é uma reflexão muito alta ou sofisticada, mas apenas o be-a-bá no estudo de uma língua. Poderia dar exemplos de palavras que partilham a mesma etimologia, mas possuem significados muito diversos em línguas diversas, como: esquisito, que em português possui conotação negativa, enquanto esquisito (italiano) e exquisit (inglês) possuem conotação positiva; portanto, no português, indica consequência, é uma conjunção conclusiva, enquanto pourtant é adversativo, marca oposição, em francês; trabalho em português não corresponde a travaglio em italiano, mas a lavoro. Talvez não seja um problema muito relevante o abuso de etimologias em meditações para trabalhos pastorais, muito embora também nesse nível preferiria reflexões bem fundamentadas, mas problemas desse tipo foram indicados e criticados em Dicionários Teológicos no passado, como aquele de Kittel, longamente criticado por J. Barr na sua discussão sobre a importância do respeito pela ciência da linguagem no trabalho com a Bíblia7.

Argumentos falsos utilizados por biblistas ou teólogos de vez em quando fazem carreira na espiritualidade e pastoral da Igreja. Um exemplo de como argumentos teológicos e mesmo espirituais se baseiam, às vezes, em erros na análise linguística: Com frequência se escuta dizer, mesmo em homilias e reflexões pastorais, que Abba significa “paizinho”, “papaizinho”. Assim, o termo usado por Jesus, segundo o testemunho dos Evangelhos, indicaria uma forma afetuosa e uma proximidade com o Pai, constituiria o modo como uma criança se dirigiria ao próprio Pai. Curiosamente, quem mais divulgou essa noção errônea foi um exegeta, J. Jeremias, cujos livros foram traduzidos em várias línguas, incluída a portuguesa, embora antes dele outros, como Kittel, haviam já proposto esta ideia. J. Jeremias se retratou mais tarde, mas a esta altura a noção já tinha se difundido. Barr demonstrou o erro na compreensão do termo Aramaico (ou Hebraico) em um artigo de 19888, mas a noção continua a ser repetida dos ambões e nas salas de catequese. Barr mostra como Abba é simplesmente o termo normal usado tanto por crianças quanto adultos, simplesmente “pai”, como o grego πατήρ (patr) no NT.

Em todo caso, é preciso lembrar que o exegeta é condicionado pelo objeto de estudo, e este não pode ser acessado adequadamente sem o recurso aos instrumentos da História, Linguística, Geografia, Arqueologia, Paleografia etc. Isso tem implicações para quem se interessa mais no estudo das questões teológicas da Bíblia, pois tudo o que ali parece ou é secular precisa ser levado em conta.

1.3. Teologia Bíblica e o caráter analítico da Exegese

Às vezes se critica o caráter analítico da Exegese como algo contrário à reflexão teológica, mas na realidade não há nada de contrário à Teologia nisso. Perceber diferentes estratos com diversas ideias teológicas em um texto, por exemplo, é uma operação relevante para a Teologia, como discutido acima. Ainda com relação à natureza analítica da Exegese, todo biblista deve ter escutado, ao menos uma vez na vida, a observação feita por colegas de outras áreas de que o exegeta se preocupa em estudar cada “palavrinha”, e que uma tese exegética pode ser escrita discutindo apenas uma única palavra na Escritura. Estas observações, feitas em tom jocoso ou, às vezes, abertamente crítico, sugerem que o exegeta gasta energia demais com minúcias, provavelmente desnecessárias9. Recentemente esta observação me foi feita em tom de brincadeira por um doutorando em Dogmática, na presença de um estudante de Ecumenismo e todos rimos um pouco. Passaram-se menos de 72 horas e o mesmo doutorando procurou-me para perguntar se um certo verbo hebraico, citado frequentemente por um autor de Dogmática que estava lendo, possuía realmente o significado que lhe havia atribuído o tal autor. Na ocasião, perguntei ao doutorando por que estava assim tão preocupado com uma palavrinha apenas...

O que ocorre aqui é que a natureza do nosso trabalho exige atenção à linguagem, à cada palavra no texto. Essa atenção ao significado e implicação de um termo não é estranha ao trabalho do teólogo. Do contrário, o especialista em Ecumenismo poderia olhar apenas superficialmente um termo como filioque e o dogmático não precisaria ocupar-se das possíveis implicações do termo transignificação. Com essa pequena provocação, quero apenas mostrar como atenção e precisão no uso e tratamento das palavras é algo que, com as devidas qualificações, é parte tanto do trabalho do exegeta quanto do teólogo. É óbvio que os termos filioque e transubstanciação são carregados teologicamente, têm uma densidade de significado que raramente encontramos nos termos bíblicos estudados pela lexicografia e pela Exegese. Analogamente, porém, uma palavra ou um termo pode ter para a compreensão de uma narrativa bíblica, por exemplo, o mesmo peso ou relevância que o termo filioque possui para o estudo de questões ecumênicas. Ou seja, se o nosso trabalho é compreender os textos da Escritura, cada palavra conta, pois ela pode ter um peso enorme na compreensão daquele versículo, daquela passagem ou daquele livro bíblico. Eventualmente, aquela palavra pode fazer carreira e até merecer uma citação em uma tese de Dogmática...

1.4. Propostas sobre a relação entre Teologia Bíblica e Exegese

Algumas conclusões e propostas baseadas naquilo que discutimos acima sobre a relação entre Teologia Bíblica e Exegese:

A) A Teologia Bíblica (ou Exegese Teológica), pelo fato de que deve tratar com elementos não-teológicos, não será nunca “pura” Teo­logia. Isso pertence a outros campos do estudo teológico, como se verá abaixo.

B) Os elementos não-teológicos do trabalho exegético não são algo negativo ou a ser evitado, são parte do sentido e não podem ser ignorados, descartados. Eles têm ou podem ter relevância para o trabalho teológico e, assim, devem ser combinados com o interesse pela questão teológica.

C) É uma inverdade que o estudo crítico da Bíblia foi um empecilho para o trabalho teológico sobre as Escrituras. Algumas das melhores obras de Teologia Bíblica jamais escritas levaram em conta e dialogaram com as perspectivas críticas.

Passo agora para a configuração da Teologia Bíblica como algo distinto da Teologia Dogmática e as consequências para o trabalho com a Bíblia.

2. A relação entre Teologia Bíblica e Teologia Dogmática

Como mencionado acima e destacado por Barr, a Teologia Bíblica, às vezes, foi concebida em oposição à Exegese, às vezes em aberta oposição à Dogmática. Interessante notar que as duas concepções de Teologia Bíblica trabalham em direções opostas: a rejeição ou oposição à Dogmática a empurra mais na direção da Exegese, enquanto as concepções mais reticentes à Exegese empurram-na mais na direção da Dogmática. De fato, assim ocorreu na história das grandes obras ou manuais de Teologia Bíblica.

2.1. Caráter e organização dos conteúdos de Teologia Bíblica

Uma pergunta fundamental, neste caso, é se a Teologia Bíblica é apenas descritiva, como é o caso normalmente com a Exegese, ou se é também normativa, avaliativa, ou seja, se ela nos diz em que devemos crer, como o faz a Dogmática. Uma Teologia Bíblica que quer se distinguir muito da Dogmática tende a ser mais ou exclusivamente descritiva, ou ao menos assim é apresentada pelos autores com estas tendências. Ou seja, a tarefa fundamental da Teologia Bíblica neste caso seria oferecer descrições das ideias teológicas ou religiosas contidas na Bíblia.

Neste sentido, já autores como Eichrodt rejeitaram uma organização das obras de Teologia Bíblica seguindo um esquema da Dogmática. A apresentação dos conteúdos de uma Teologia Bíblia não deve seguir a apresentação típica dos temas tratados pela Dogmática. Nesta linha, os princípios organizativos do material tratado nas obras de Teologia Bíblica do AT deveriam provir do AT mesmo. Uma obra de Teologia Bíblica não deveria se parecer com um manual de Dogmática.

Em todo caso, já aparece aqui a necessidade de a Teologia Bíblica não ser subsumida pela Dogmática, pois há metas e procedimentos diferentes. Um excesso de interpenetração dos dois campos significa, em regra, o controle por parte da Dogmática sobre a Teologia Bíblica. Um exemplo de excesso, neste sentido, é a obra de Teologia Bíblica de Brevard Childs10, a nosso ver acertadamente criticada por Barr11.

2.2. Domínio da Teologia Bíblica ou da Teologia Dogmática?

A histórica predominância da Dogmática no âmbito católico deu margem à visão de que a nova disciplina, a Teologia Bíblica, deveria estar em função daquela. Neste sentido, e ainda com relação ao problema do controle, não deixa de ser relevante o fato de que, em certos âmbitos, a noção de que a Teologia Bíblica deve ser “serva” da Dogmática deu lugar à visão contrária. Se a Teologia Bíblica é tão relevante como base do trabalho teológico, a Dogmática deve levá-la em conta e, num certo sentido, pode ser pensada como dependente daquela. Nessa linha, a Teologia Bíblica se tornaria quase mais normativa do que a Dogmática mesma12. Assim, também no campo das discussões acadêmicas sobre os limites de disciplinas, a questão do poder e do prestígio se coloca e o problema de se saber quem é quem comanda impõe dificuldades a uma articulação frutuosa dos vários campos.

A noção de domínio da Teologia Bíblica sobre a Dogmática ignora que a Dogmática leva em conta não apenas a Bíblia, e neste sentido dela depende, mas também a Tradição, bem como questões filosóficas e de Teo­logia Natural. O objeto das duas é diferente, a Dogmática estuda Deus e a revelação, ou Deus enquanto revelado, não é em primeiro lugar sobre a Bíblia, muito embora esta constitua uma de suas normas. A Teologia Bíblica, ao invés, tenta discutir a totalidade do testemunho bíblico, ou grandes blocos deste, e assim teria como tarefa intermediar entre a Exegese de textos individuais e o trabalho da Dogmática. A ideia de uma fusão entre as duas disciplinas ou a proposta de torná-las tão semelhantes quanto possível constituiria um erro epistemológico.

2.3. Interesse pela Teologia Bíblica

Além da suspeita levantada contra o caráter teológico da Teologia Bíblica, parece que, concretamente, o teólogo dogmático raramente considere que os textos de Teologia Bíblica possam ser úteis ao seu trabalho com a Dogmática. Tem sido dito com uma certa regularidade que o problema do destacamento entre Exegese e Teologia está do lado do exegeta ou biblista e da sua dificuldade em apresentar os seus resultados em modo acessível aos teólogos. Quanto a isso, acontece que o grau de especialização nas disciplinas exegéticas chegou a um ponto em que até exegetas de campos diferentes têm dificuldade de entenderem seus colegas com outras especialidades. Daí se compreende imediatamente a dificuldade em dialogar sobre certas questões exegéticas com os teólogos. A parte mais técnica do trabalho exegético permanecerá enigmática ao teólogo dogmático, não há como evitá-lo. No entanto, a acusação mais frequente é que os exegetas ou biblistas não apenas não apresentam os resultados em modo acessível, mas que eles não perseguem o sentido teológico do texto, mas se interessam apenas por outros aspectos. Muito frequentemente essa acusação é combinada com ataques ao método histórico-crítico, como se exegese e método histórico-crítico fossem sinônimos, um erro que já discutimos. Vimos ainda que a ideia de uma generalizada falta de interesse teológico por parte dos biblistas também não é verdadeira, pois existe esforço para a produção de obras de Teologia Bíblica e de discussão dos aspectos teológicos do texto bíblico em graus variados e em diversos tipos de publicação. O ponto ao qual quero chegar, no entanto, é que se acusa com mais frequência a Exegese ou o exegeta pela falta de comunicação ou interação, mas seria justo perguntar se, muitas vezes, a dificuldade não estaria do lado do teólogo dogmático ou moral, se há realmente uma busca da sua parte em conhecer as obras de Teologia Bíblica concernentes ao temas de suas respectivas pesquisas. É necessário, contudo, que o teólogo conheça profundamente os temas bíblicos que tocam à sua especialidade, para o bem da sua própria disciplina13.

Se gozamos atualmente de uma relativa paz e tranquilidade entre exegetas e teólogos, à parte alguma inócua brincadeira, uma pergunta interessante seria: é possível que a relativa tranquilidade que hoje gozamos na relação entre Teologia e Exegese se deva ao fato de que cada um faz seu trabalho ignorando quase completamente o que é feito na outra seara?

Um princípio fundamental, sempre repetido, para a relação entre estudos bíblicos e Teologia é aquele expresso no número 24 da Dei Verbum:

O fundamento inabalável da teologia é, juntamente com a Tradição, a palavra de Deus escrita. Ela tira sua força e constante rejuvenescimento desse fundamento. Toda verdade do mistério de Cristo deve ser perscrutada à luz da fé. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus. Como é inspirada, essa palavra é verdadeira e seu estudo é a alma da teologia.

Se não interpreto mal nossa realidade eclesial e se a indiferença por parte dos teólogos em relação aos estudos bíblicos de caráter mais teológico não é a exceção, mas a norma, podemos concluir que o princípio de que o estudo da Palavra é a alma da Teologia é, ainda, mais um desideratum do que a realidade14.

2.4. Reconhecimento do caráter teológico da Teologia Bíblica

Com relação ao lugar da Teologia Bíblica, frequentemente se fez no passado, e ainda se faz em alguns âmbitos, a pergunta se a Teologia Bíblica é realmente Teologia. Por exemplo, Emil Brunner, um teólogo dogmático, declarou nos anos 40: “Não existe nenhuma teologia do Antigo Testamento”15. Aqui encontramos a desconfiança por parte de especialistas em Dogmática de que os trabalhos de Teologia Bíblica não são Teologia de verdade. De fato, se a Teologia Bíblica é verdadeira Teologia, como acredito que é, não é Teologia da mesma maneira que a Dogmática.

Um outro problema para o reconhecimento da Teologia Bíblica como disciplina teológica é a diversidade de doutrinas ou princípios teológicos na Escritura, às vezes irreconciliáveis. A tentativa de dar unidade a este material parece estar fadada ao falimento. A tendência da Teologia em buscar a síntese pode se tornar problemática na relação com a Exegese e, em certa medida, com a Teologia Bíblica mesma, porque o biblista acaba tendo que admitir, por exemplo, que Deus no livro do Deuteronômio é bem diferente de Deus como apresentado nos livros de Samuel, como pode ser diferente se virarmos uma página no livro de Gênesis e passarmos da mentalidade sacerdotal àquela antigamente chamada javista. Se isso é verdade naquilo que se refere à divindade, pensem a situação com relação a outros temas teológicos como promessa, justificação, aliança, lei etc. O teólogo deve entender que a resposta do biblista para certas questões será muito circunscrita. É claro que uma visão macro das questões teológicas na Bíblia é possível e desejável, mas ainda assim essa comportará uma diversidade irredutível à síntese de um manual de Dogmática. A preocupação pela síntese e por uma unidade se revela, por exemplo, na tentativa de algumas Teologias Bíblicas de se encontrar um centro em torno do qual organizar a apresentação das teologias do AT ou da teologia do AT e NT combinadas. Assim, foram propostas várias noções como centro da teologia do AT e, às vezes, do AT e NT juntos, como, por exemplo, a noção de Aliança. No entanto, nenhuma destas propostas de temas que resumem ou unificam a Teologia do AT convenceu completamente. Nenhum princípio parece funcionar como central em toda a Escritura. Por isso alguns autores preferiram e, logo, escreveram e defenderam teologias do AT sem a proposição de nenhum centro.

Alguns dizem que o conteúdo, o material mesmo do AT não é teologia, como afirmava Ebeling16. O esforço teórico de teologizar aparece muito pouco no AT e na Bíblia como um todo. Mesmo partes da literatura sapiencial, o Deuteronômio ou trechos das cartas de Paulo, que se aproximam mais de uma Teologia, ainda ficam muito aquém, por exemplo, de um manual de Cristologia. O que encontramos é, na maior parte das vezes, ideias teológicas implícitas ou formuladas em modo não sistemático. Assim, a Teologia Bíblica teria como uma das suas tarefas a explicitação destas ideias e princípios teológicos. Trata-se da busca pelos pressupostos conceituais e teológicos por trás dos textos e a reflexão sobre a articulação entre eles. Assim, nesta linha, o “DNA” da Teologia Bíblica seria mais próximo daquele da Exegese do que do “DNA” da Teologia Dogmática.

Portanto, parte do problema é que seria necessário calibrar um pouco nossas expectativas com relação ao trabalho teológico sobre a Bíblia, ajustá-las à realidade do texto bíblico. Disse acima que o exegeta é condicionado pelo seu objeto de estudo. Parece-me que, muitas vezes, a frustração dos teólogos em relação aos exegetas é, no fundo, frustração com relação à Bíblia mesma, porque essa diz menos daquilo que o teólogo gostaria de ouvir. Numa fórmula sintética e, espero, não muito polêmica, a Bíblia é menos teológica do que um tratado sobre a Ssma. Trindade. Os textos bíblicos são inspirados, mas isso não implica que sejam sempre teo­lógicos, sobretudo teológicos no grau com que a Dogmática se é acostumada. Diante de uma situação assim, exigir do exegeta que faça o texto que estuda e interpreta concordar com noções teológicas desenvolvidas bem mais tarde na história e na tradição intelectual da Igreja seria exigir dele uma desonestidade.

Como mencionado, a representação ou caracterização de Deus em uma passagem específica pode diferir muito das reflexões sobre a natureza divina em metafísica e em Teologia Dogmática. Por exemplo, na passagem da Aqedah de Isaac, o sacrifício de Isaac, depois que Abraão supera o teste, o anjo de Deus pronuncia as seguintes palavras em Gn 22,12: “Não estendas a mão contra o menino e não lhe faças mal algum. Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu único filho”. Ora, em análise de textos narrativos sabemos que existem histórias que se concluem com a mudança da situação inicial, transformada em um novo estado de coisas, enquanto certas narrativas se concluem com a mudança no grau de conhecimento ou compreensão de uma personagem, à qual algo é revelado ou a qual chega a um novo modo de ver o mundo graças aos acontecimentos narrados. Muito provavelmente, esse último tipo de mudança é a conclusão e o motivo da prova de Abraão, ou seja, essa servia para que Deus soubesse da fidelidade do seu servo. Deus queria ou precisava saber algo que ainda não lhe era claro. Esse resultado da aplicação de uma abordagem exegética ao texto, a análise narrativa, parece contradizer a ideia de onisciência divina, e o faria se este texto o encontrássemos em um manual de Dogmática. Contudo, quando o exegeta explica o texto bíblico dessa forma, não está afirmando absolutamente nada sobre a sua própria confissão de fé, sobre sua adesão aos dogmas ou sobre a natureza de Deus, está apenas explicando o texto sem forçar o seu sentido com base em reflexões que pertencem a outros períodos e âmbitos. Em resumo, está apenas fazendo o seu trabalho, aquele que lhe foi confiado pela Igreja. Não é lícito passar da exegese que um biblista faz de um texto à sua vida pessoal, à sua fé ou espiritualidade, como aconteceu repetidamente ao longo da história. Ao contar esta conclusão sobre a passagem da prova de Abraão a um meu colega teólogo, a questão da onisciência o preocupou, mas note-se que o grande problema teológico da passagem tem mais a ver com a questão da bondade divina, do Deus que submete seu servo a uma prova tão cruel, pedindo-lhe para sacrificar o próprio filho. De fato, esse foi o problema que incomodou e ocupou tantos pensadores judeus e cristãos no passado. O problema não é criado pelo biblista, ele está no texto com o qual o biblista tem que lidar.

Outro ponto lembrado por Barr é que, do ponto de vista pessoal, o exegeta não começa seu trabalho num vácuo teológico, mas quase sempre vem de uma tradição religiosa já inculcada, ou seja, o exegeta é equipado com noções teológicas17, mesmo que estas não sejam tão sofisticadas quanto as do especialista. A Exegese funciona, assim, como instância crítica (no mais puro sentido do termo) da tradição teológica recebida e a Teologia Bíblica, se concebida como distinta da Exegese, mas ainda muito próxima dela, teria uma função semelhante. O exegeta, para citar Becker, é o advogado do texto18, ou seja, defende os direitos deste contra imposições externas.

Outra coisa importante é lembrar que leituras mais teológicas da Escritura são de responsabilidade do biblista em geral, mas não necessariamente de todos os exegetas. Como explicado acima, precisamos de exegetas mais especializados em questões linguísticas, históricas, filológicas etc., tanto como precisamos de biblistas que procuram uma abordagem mais teológica. Querer que todos façam tudo teria como consequência uma queda de qualidade em todas as áreas do trabalho exegético, pois é simplesmente impossível ter um bom comando de todos os campos implicados. Comentários exegéticos clássicos mais focados em questões de crítica textual ou histórico-críticas continuarão a ser importantes, mesmo que não contenham a totalidade do trabalho bíblico-exegético. Os estudos bíblicos terão um grau variável de contato com questões teológicas, e isso não é um problema. Nem tudo tem que ser alta e perfeita Teologia quando se trata de estudar a Bíblia.

A esta altura, seria interessante mencionar uma questão terminológica que emerge ao longo da obra de Barr: deveríamos falar em Teologia Bíblica ou em Exegese Teológica? Esta última formulação marca mais o contato da disciplina com a Exegese e a Teologia Bíblica se transforma ou passa a ser vista quase como uma dimensão ou fase da Exegese19. De fato, nos estudos bíblicos a dimensão teológica é e estará presente em graus variáveis de acordo com o tipo de estudo, seu objeto e as perguntas que o pesquisador se põe.

Interessante notar que Teologia Bíblica é normalmente feita por biblistas, gente com formação exegética, e não por quem vem do campo da Dogmática, por exemplo, o que soa natural tendo em vista o tipo de competência requerida para o trabalho. Também aqui a Teologia Bíblica parece ser mais próxima da Exegese do que da Dogmática. Isso tem consequências também em relação à produção dos autores de Teologia Bíblica, pois provavelmente serão pouco “teológicos” para o gosto do dogmático ou do moralista.

Em todo caso, a existência mesma de obras de Teologia Bíblica e do esforço em explicitar as questões teológicas da Escritura em diversos tipos de publicações prova que há interesse entre os biblistas pela questão teológica, muito embora, como explicado, ela se configure no estudo da Bíblia em modo diverso daquele dos estudos de Dogmática.

2.5. Propostas para a relação entre Teologia Bíblica e Teologia Dogmática

Algumas conclusões e propostas baseadas naquilo que discutimos acima sobre a relação entre Teologia Bíblica e Teologia Dogmática:

A) Pode-se pensar a Teologia Bíblica como uma ponte, talvez a mais importante, entre Exegese e Dogmática.

B) O material da Teologia Bíblica não será organizado da mesma maneira do que aquele da Dogmática, será provavelmente menos unitário e sistemático do que aquela. Não deve haver fusão entre as duas coisas ou uma assimilação da Teologia Bíblica por parte da Dogmática.

C) A Teologia Bíblica será tanto mais útil para a Igreja e para a Teo­logia quanto mais aplicar à Bíblia o arsenal ou instrumental com o qual os biblistas foram equipados, sem tentar fazer o trabalho que pertence à Dogmática.

D) A Teologia Bíblica pode ser pensada como um aspecto da Exegese que enfoca e busca as noções teológicas de textos individuais, de blocos maiores ou da totalidade do AT (ou de toda a Bíblia).

E) A Teologia Bíblica será, na maior parte do tempo, descritiva, muito embora o elemento normativo ou avaliativo provavelmente estará também presente.

Conclusão

A Teologia Bíblica, se compreendida como algo distinto da Exegese, pode ser mediadora entre esta e a Teologia Dogmática ou Moral, provavelmente, a melhor instância de mediação da qual dispomos. Com essa afirmação, não pretendo diminuir em nada a relevância que pode ter para o mesmo diálogo, por exemplo, a Teologia Fundamental e a Patrística.

Estou convencido de que a Teologia Bíblica, pelos motivos expressos acima, é mais semelhante à Exegese do que à Dogmática, ao ponto que poderia ser vista como uma etapa ou dimensão daquela.

O diálogo entre Exegese e Teologia é possível, sobretudo onde os atores concretos, o exegeta e o teólogo, desejam o diálogo e o procuram no respeito das diferenças das respectivas disciplinas. A distância que se nota atualmente entre Exegese e Teologia não é um abismo insuperável, e a Teo­logia Bíblica pode configurar uma ponte hábil para o contato e a comunicação.

Bibliografia

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–,ʾAbbā Isn’t ‘Daddy’”, JTS 39/1 (1988) 28-47.

–, The Concept of Biblical Theology. An Old Testament Perspective, London 1999.

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Rossi, B., “Quale relazione tra esegesi e teologia biblica?”, in G. Benzi (ed.), La Bibbia e le sue Teologie (Parola Spirito e Vita, quaderni di lettura biblica 80), Bologna 2019, 29-44.

Ska, J.-L., “Note sul metodo storico-critico”, La Civiltà Cattolica 3845 (2010) 381-389.

[recibido: 08/12/19 – aceptado: 10/01/20]


1 Barr, The Concept, 1-26.

2 Barr, The Concept, 1-17.

3 Ib., 77-80.

4 Ska, “Note”, 388.

5 Barr, The Concept, 77-84.

6 Pinto, “Lo Shema”, 20-42.

7 Barr, Semantics.

8 Id., “ʾAbbā”, 28-47.

9 Rossi, “Quale relazione”, 30-33 elenca vários exemplos de caricaturas dos exegetas, as quais se tornaram ilustres nos meios acadêmicos teológicos. Dentre estas, o exegeta foi equiparado até mesmo ao Anti-Cristo.

10 Childs, Biblical Theology.

11 Veja-se a ampla discussão sobre a obra de Childs nos capítulos 23 e 24 de Barr, The Concept.

12 Ib., 62-76.

13 Alfaro, El tema bíblico, 539-540.

14 Para uma apresentação das implicações do referido princípio da Dei Verbum para o método teológico e os vários modelos de relação entre exegese e teologia propostos na história da pesquisa, veja-se Aparicio Valls, La relación, 261-282.

15 Citado por Barr, The Concept, 240.

16 Ebeling, “The Meaning”, 210-225.

17 Barr, The Concept, 77-84.

18 Becker, Exegese, 5.

19 Barr, The Concept, 250-252.